13/06/2025 | 09:49 | Geral z1wn
Golpistas se aproveitavam de fragilidade emocional das vítimas
Os trambiqueiros que surrupiaram o dinheiro de 243 servidores públicos gaúchos atingiram pessoas que já estavam fragilizadas não apenas economicamente, mas também emocionalmente. Ninguém gosta de contrair um empréstimo, o faz por necessidade.
As vítimas, a maioria aposentados, mas não todos, eram pessoas que já haviam contraído um empréstimo consignado. Como há um limite de 40% de comprometimento da renda, os golpistas exploravam o momento de desespero do cidadão, possivelmente hiperendividado, que encontrava, ali, uma luz no fim do túnel. Essas pessoas contratavam um novo empréstimos consignado, fora dos limites permitidos pelo Estado, com entidades associativas que cobrariam juros abusivos.
A partir do contato com os golpistas, os servidores faziam reconhecimento de mensalidade associativa, e autorizavam o desconto em folha. O processo era levado a um juiz na Paraíba, que deferia a ordem para que fosse autorizado o desconto. Os motivos alegados poderiam ser variados: necessidade de compra de medicamentos, um tratamento de saúde, etc.
Ou seja, a pessoa, além de ter já a parcela descontada do empréstimo "real", tinha retirado mais um acréscimo para o segundo empréstimo. Segundo uma fonte que acompanhou as investigações, realizadas pela Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage), os descontos variavam entre R$ 300 e R$ 700 mensais.
Surgiu a desconfiança a partir do momento em que foram identificadas entidades associativas na Paraíba. Por que um servidor público do RS estaria enviando contribuições para uma entidade de outra região, no caso no Nordeste?
Uma das associações, inclusive, chegou a instalar sua sede em Porto Alegre, mas não ocupou o prédio.
O golpe é novo por aqui, no RS, mas antigo no resto do Brasil. A quadrilha têm ramificação em outros Estados - em casos anteriores, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público (MP) realizou operações na Paraíba.
A PGE, assim que informada, pediu a suspensão imediata dos descontos. Os valores irão para uma conta judicial. Ressarcimentos serão uma consequência da investigação àqueles que, comprovadamente, foram lesados.
A partir da identificação das vítimas no Estado, a Secretaria da Fazenda realizou um pente-fino nos contracheques de todos os servidores. Por isso, acredita-se que não deve haver novos casos - alguns poucos novos lesados podem aparecer.
O MP-RS irá prestar apoio psicológico às vítimas.